A pior crise hídrica dos últimos 91 anos causa impacto gigantesco no bolso dos brasileiros.
Nas próximas semanas a conta de luz ficará mais cara, segundo Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Devido à grave estiagem, a pior desde os últimos 91 anos, a agência decidiu aumentar mais uma vez o valor das bandeiras.
O custo exato desse aumento ainda não foi definido, mas segundo o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, a decisão sobre o acréscimo deve sair até o fim de junho e esse reajuste deve passar de 20%, passando dos R$ 7,00 o valor da bandeira vermelha patamar 2.
Por que o preço está tão alto?
Devido à falta de chuva, as usinas hidrelétricas não estão suportando abastecer a população, já que são responsáveis por mais de 60% da matriz enérgica brasileira. Sendo assim, é necessário usar as usinas termoelétricas, que são mais caras.
A grave crise hídrica enfrentada pelo Brasil, fez com que a Aneel aumentasse a bandeira para no patamar mais elevado, o 2. Porém, a necessidade de manter as termoelétricas ativas por mais tempo vem aumentando, e consequentemente o gasto fica mais elevado. Essa despesa é repassada para os brasileiros.
Segundo Pepitone, o acionamento das termoelétricas por um período mais longo já custou um valor adicional de R$ 4,3 bilhões, no período de janeiro a abril.
Houve falta de chuva?
Normalmente o período de seca é complicado no Brasil , onde, muitas vezes, há o racionamento e alertas do baixo nível dos reservatórios. Porém a maneira como está acontecendo nesse ano é muito mais grave que os últimos 90 anos.
A falta de chuva é provocada por três fatores: desmatamento da Amazônia, aquecimento global, ocasionado pela queima dos combustíveis fósseis (gás natural, petróleo e carvão mineral), gerando a liberação de gases poluentes, como o gás carbônico, e o fenômeno natural La Niña.
A floresta amazônica gera uma grande quantidade de umidade no ar, esse processo é conhecido como: evapotranspiração. As árvores da região absorvem uma grande quantia de água dos solos e eliminam grande parte desse ar. Quanto mais água elas absorvem, mais emitem e fazendo com que as chances de chover aumente.
A umidade que as árvores emitem é levada pelo vento, causando chuva nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Com a destruição da floresta, a umidade caiu e com isso a chance de chover diminuiu.
O fenômeno La Niña é um evento climático natural que esfria a superfície das águas dos oceanos: Pacífico Tropical Central e Oriental e acarreta várias mudanças relevantes nas precipitações e temperatura do planeta. Uma das consequências é a mudança na concentração de chuva, formando secas.
Quanto custa cada bandeira hoje?
Cada bandeira é usada de acordo com a situação do país em relação às chuvas, quanto mais escassas mais a bandeira aumenta e, consequentemente, o valor dela. Deixando, assim, a conta de luz mais cara.
- Bandeira verde: não há cobrança adicional à tarifa base. Ela é usada em épocas que há muitas chuvas e os reservatórios estão cheios;
- Bandeira amarela: há uma cobrança adicional de R$ 1,34 por 100 Kwh, sendo proporcional ao consumo. Ela é usada quando as condições começam a ficar desfavoráveis;
- Bandeira vermelha patamar 1: há uma cobrança adicional de R$ 4,16 por 100 Kwh. Ela é usada no período de seca, quando o nível dos reservatórios reduz;
- Bandeira vermelha patamar 2: há cobrança adicional sobe para R$ 6,24 por 100 Kwh. Ela é usada em casos extremos, quando os reservatórios têm seus níveis reduzidos de forma drástica.
Hoje, estamos vivendo a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, onde a conta de luz já se encontra na bandeira mais alta (vermelha patamar 2). A estimativa, feita em consulta pública pela Aneel, é que o valor passe de R$ 6,24 para R$ 7,57, ocasionando um aumento de 21,3%.
O cenário tende a melhorar?
Infelizmente, a previsão é que a situação dos reservatórios só piore, e que o preço da conta continue subindo. As termoelétricas já estão operando com carga quase total e estudam a possibilidade de acionar mais dessas usinas. Segundo o diretor-geral, o uso das termoelétricas custará em torno de R$ 9 bilhões aos consumidores até o final do ano.
Com o valor tão alto para manter o abastecimento de energia do país, essa despesa será repassada aos brasileiros, onde estima-se que, em 2022 o reajuste na conta de energia seja de mais 5% na tarifa básica.
Um impacto enorme no bolso da população, já que estamos vivendo um momento tão delicado devido a pandemia do covid-19. Para tentar minimizar esse choque, a Aneel anunciou que ficará proibido por mais 90 dias o corte de energia elétrica por falta de pagamento das famílias de baixa renda.